Montevidéu-Uruguai-2023-dia 3-Colônia do Sacramento
Hoje é quinta-feira, dia 20 de abril de 2023. Estamos com a guia Marcela e o motorista Paulo da empresa Ventas. Saímos de Montevidéu, já passamos pela Granja Arenas do Museu do Lápis e agora chegamos à Colônia do Sacramento. Vale a pena ir ao Centro de Visitantes pegar mapas para se localizar em uma cidade que se anda a pé.
Segundo o folder da CVC, a mistura de campo, praias e rio dão a este lugar uma moldura natural que se conjuga com a história. O bairro histórico é Patrimônio Histórico da Humanidade desde 1995. A Wikipédia esclarece que se trata do mais antigo assentamento europeu no Uruguai, foi fundada pelos portugueses em janeiro de 1680. Em 1777, com o Tratado de Santo Ildefonso, a colônia tornou-se possessão espanhola.
A guia Marcela nos informa que foi colonizada como um forte militar português. Um dos intuitos era controlar a reserva de ouro e prata e o transporte viário ao interior onde estavam as minas. Era a Colônia de Sacramento de Jesus. O fundador e primeiro governador foi Manoel Lobo (militar, 1635-1683), mandado pelo Príncipe Regente Pedro II de Portugal. A Basílica do Santíssimo Sacramento é a igreja mais antiga, foram 97 anos de domínio português, embora tenha sido atacada sete vezes pelos espanhóis. Em 1777, os portugueses foram embora. Em relação à Basílica do Santíssimo Sacramento, conserva a concepção original de uma nave, muros portugueses de pedra e ladrilho cujo arquiteto foi Tomás Toribo (1808). A fachada e as cúpulas azulejadas dos campanários foram recuperadas a partir do ano 1957 (fonte: folder da Intendência de Colônia).
A arquitetura e estilo portugueses se encontram por todos os lados, nas ruas do bairro histórico, nas casas, nos hábitos. 7 entre 8 casas têm arquitetura portuguesa, apesar de os espanhóis tentarem acabar com o passado português. Na cidade, vivem descendentes de espanhóis e italianos, umas 25 mil pessoas. É a única cidade fundada por portugueses no Uruguai.
O rio da Prata circunda Colônia e a separa da Argentina. Para vir da capital argentina, Buenos Aires, basta pegar o BUQUEBUS (ferry) que chega logo, são 52 km. O rio tem cor marrom, resultado dos sedimentos dos rios Paraná e Uruguai. Turistas argentinos vêm para finais de semana. Algo bem comum. Compram casas na frente do rio para férias ou simplesmente para sábados e domingos. Segundo a Wikipédia, os primeiros europeus a explorarem o rio foram os portugueses João de Lisboa na companhia de Estevão Fróis e o castelhano Juan Díaz de Solís que foi morto e comido pelos nativos. O rio levava ao interior, às minas de prata, por isso o nome do rio.
A Plaza de Toros Real de San Carlos (praça de Touros) de estilo árabe/espanhol funcionou até 1910. Hoje, felizmente, não há mais touradas. O governo federal e estadual investiram e reabriram para eventos culturais, de moda, de arte, é Patrimônio Histórico desde 1992. As três ilhas são San Gabriel, Farallón e Lopez. Na praça do Relógio se vê o pôr do sol junto à família e amigos. No estádio de futebol, o muro é pintado com formas coloridas. Existe um hipódromo na cidade.
A praça 25 de Agosto é linda com árvores mil. A principal se chama Mayor 25 de Mayo. O folder mencionado anteriormente diz que nasce com a fundação, sendo o maior espaço aberto da área. Originalmente usada para manobras militares. Depois, intervenções incorporaram jardins e caminhos que criaram um ambiente agradável, mas que modificaram a percepção original.
As casas vistas por nós são adoráveis, por serem floridas. Caminhamos pelo bairro. Paramos no restaurante Viejo Barrio Restaurante and Bar (Vasconcellos, 169), com comida caseira e bem comentado. As mesinhas na calçada são convidativas. Colônia tem outro compasso, tudo é calmo e lento. O almoço foi peixe grelhado e vinho tannat em jarra. Escutamos passarinhos e temos cachorros ao lado, aliás, vi água para os cães na frente das lojas. Muito justo. Há muitos soltos pela cidade. Detalhe: mulher pode viajar só no Uruguai. É seguro. No nosso passeio havia três.
Após o almoço tranquilo, rumamos à Basílica do Santíssimo Sacramento. Rústica dentro. A av. Gal Flores com plátanos é uma pintura. Vemos lojas, restaurantes, pizzarias, aqui se fuma bastante. Praça Diagonal Gerardo Mattos Rogriguez com fonte de água. Bela.
O restaurante Casa Luthier com calhambeque na frente como jardineira é peculiar. Feita de pedra tosca. O povo da cidade é acolhedor, vi lojas com roupas de inverno estilosas, como ponchos.
Em relação à Basílica do Santíssimo Sacramento, conserva a concepção original de uma nave, muros portugueses de pedra e ladrilho cujo arquiteto foi Tomás Toribo (1808-1810). A fachada e as cúpulas azulejadas dos campanários foram recuperadas a partir do ano 1957 (fonte: folder da Intendência de Colônia). Em 1823, houve uma explosão e parte foi destruída. Em 1957, o arquiteto Miguel Ángel Odriozola a reconstruiu.
Estamos na caminhada tour-histórica com a guia Marcela. Ela marcou um horário depois do almoço e nos encontramos com o grupo na praça das Armas Manoel Lobo. A Casa dos Governadores tinha um torre de vigilância para supervisionar os arredores. As casas da época de Manuel Lobo, primeiro governador português, eram construídas separadas por muros de pedra, desciam a temperatura por canais de água. Quando os espanhóis assumiram Colônia, chegaram a construir casas em cima das portuguesas. A casa de cor branca (1695-1800) é uma pousada hoje e continua com o mobiliário da época. As ruas com paralelepípedos eram construídas por prisioneiros que os carregavam em carros de boi ou carruagens no séc. XVII. A casa histórica portuguesa do séc. XVIII, de cor rosa, foi recuperada com a contribuição da Fundação Calouste Gulbekian (de Portugal) .
Espaço Rebuffo, construção portuguesa para a função pública, modificada no período espanhol. A exibição oferece uma olhada dos tempos pré-histórico até nossos dias. A Vivenda Portuguesa é uma construção popular que resguarda em seu interior os usos folclóricos das províncias portuguesas de Trás-os-Montes, Minho e Alentejo, de acordo com o folder da Intendência de Colônia. Também existem outras edificações portuguesas, como o Espaço Português, o Arquivo Histórico Regional, o Espaço do Azulejo etc.
Navios chegavam com escravos e eles entravam na cidade pela Rua dos Suspiros. Há várias outras histórias sobre tão afamada rua. Fala-se em escravos, sentenciados à morte, dos portugueses com “mulheres da vida”, e da moça com o português militar que fora embora, daí o nome da rua. Digno de nota comentar que o Uruguai foi o primeiro país a libertar os escravos na América do Sul. Conforme o mesmo folder, é tipicamente portuguesa, de traçado e pavimento original, com um escoadouro no meio. A rua tem casas de ambos os lados que pertencem ao primeiro período colonial, donde diversos estilos de construção se conjugam sem perder a individualidade.
Há muito a ver em Colônia. O Farol é visitado. O folder citado antes nos reporta que o Portão do Campo, recuperado entre 1968 e 1971, conserva ainda ruínas da antiga muralha e de sua velha ponte levadiça de madeira. Tachas de bronze na pedra marcam o nível da muralha original, que foi parcialmente consolidada e reconstruída. O Cais de 1866, inicialmente mais largo, contava com um setor perpendicular no extremo sobre o rio. Devido a ser antigo e ao clima, perdeu parte de sua estrutura original, sendo recuperado em 2001 para albergar embarcações esportivas. O Resgate Arqueológico da Casa do Governador, o subsolo da construção portuguesa original destinada à residência do Governador da cidade, foi destruída pelos espanhóis em 1777. Não faltam relíquias a conhecer.
Interessante que o papa João Paulo II rezou missa em Colônia para 40 mil pessoas, depois foi para Salta no norte da Argentina.
Ás 16h15 retornamos a Montevidéu pela Ruta Nacional n°1 ou Ruta Unesco. Dia proveitoso. Colônia, sempre um deleite! Parabéns à guia Marcela, gentil, solícita e com conhecimento do assunto. Deu dicas valiosas sobre espaços interessantes em Montevidéu: baar Fun Fun (Ciudadela, 1229), atrás do teatro Solís; El Milongón (Gaboto, 1810), com apresentação de tango/milonga/dança folclórica e candomble; restaurante El Fogón (San Jose, 1080, centro, esse conhecemos!); Punta Carretas Shopping (Jose Ellauri, 350); e no bairro Pocitos: restaurantes Fellini (Jose Marti, 3408) e La Commedia (El Viejo Pancho, 2414).
Nosso jantar/lanche foi noBar Hispano (San Jose, 1050) nosso velho conhecido. Misto quente e café com leite, para não perder os hábitos. ♥
Prosseguiremos com mais Montevidéu.